terça-feira, 10 de maio de 2011

Irrevolucionário.

                                                      Tite, o telepata.


Eu nunca gostei das pessoas que reclamam das outras por quererem fazer "o diferente". Eu gosto de quem tenta sair da caixinha, de quem tenta colocar fogo nas coisas, de quem quer mudar tudo, revolucionar, tumultuar, desde que o maluco em questão queira mudar algo de fato e mudar para melhor. Eu gosto de quem não se conforma com as regras que engessam e limitam.

Eu não gosto, contudo, de quem quer falar diferente, se portar diferente, parecer diferente, mas que no fundo, no fundo, faz tudo igual.
O Tite é um desses.
Gosta de falar complicado, dar treinos bizarros e olhar para o mundo como se fosse um intelectual. Mas no campo mesmo, ele é um horror e faz tudo igual, retranqueiro como poucos. Como ele mesmo escreveu em seu twitter (@adenorbacchi), "A repetição é a arma para o sucesso, e aliado ao equlíbrio tático fazem nossa equipe subir no momento certo". Não que, em parte ou em certa forma não haja um pouco de verdade nisso, mas creio que a ousadia é muito mais valorosa - como quando Muricy, vendo o Santos dominado pelo São Paulo, tirou um atacante para colocar um zagueiro e a equipe ficou muito mais equilibrada.

Enfim, Tite é, para mim, um Celso Roth mais elegante, mais escolado. Ambos são até capazes de formar boas equipes, mas todas elas jogam do mesmo jeito triste, truncado, feio. Muricy, muito criticado pela retranca, fez o Flu jogar para frente e deu equilíbrio ofensivo e defensivo para o Santos. A diferença entre Roth, Tite e Muricy está, sobretudo, no fato de que o ex-são paulino sente os jogos como poucos e é entendido muito melhor por seus jogadores porque é um cara simples, direto, objetivo. Se não é revolucionário, também não finge ser e, apesar disso, constantemente tomou atitudes que foram contra a corrente - não por acaso é querido dos torcedores e jogadores e detestado por dirigentes, exato oposto de Tite, Roth e outros, como Ricardo Gomes.

Gosto mais de figuras como o Sérgio Guedes, que tentou chegar no futebol chutando a porta, apanhou e percebeu que não dá para jogar a placenta junto com o bebê e que nem tudo deve ser descartado, mas que é necessário que se mude algo - muitas vezes algo que nem mesmo se sabe o que é com certeza. Eu gosto mais de quem é inquieto. E não gosto de quem gosta de fingir esta inquietitude.

4 comentários:

  1. O Tite é um ode ambulante ao pleonasmo o.O

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  2. Se desse para curtir um comentário por aqui, eu curtiria... ^^

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  3. Aí sim, como o ganso que estava encostado, volta o pitaqueiro Daniel, dando vida a um link de um querido amigo, esquecido lá em meu blog. Sorte nossa que vem com boa desenvoltura, não devendo nada ao que é seu futebol: o das palavras...

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  4. Obrigadíssimo pelo comentário, Lê!
    Agora vamos tentar dar prosseguimento e readquirir rítmo de jogo! =D

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